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Biomedicina atua diretamente na Saúde Pública

Tânia Agostinho é mestre em Nutrição e Saúde (UFG), especialista em Saúde Pública (Unaerp), auditora Sanitária, da SMS Goiânia e auditora para o Alimento Confiável do Sindicato das Indústrias da Alimentação no Estado de Goiás (Siaeg) e ainda Master Coaching. Esta semana, ela falou ao site do Conselho sobre Saúde Pública. Confira a entrevista:

Como definir saúde pública?

Promovida pelo setor público de saúde,  aplica os conhecimentos (médicos ou não), com o objetivo de organizar sistemas e serviços de saúde. O estado é responsável por dirigir intervenções voltadas às necessidades sociais de saúde com intuito de prevenir doenças, aumentar a expectativa de vida, além de também cuidar da saúde mental.

Podemos afirmar que quando se fala em saúde pública fala-se diretamente em prevenção?

Sim.  A prevenção de doenças é o grande pilar da saúde pública, haja vista que sem ela, as epidemias e tantas outras adversidades acometeriam a população com poucas chances de intervenção.

O sentido de saúde pública é amplo, mas quais medidas são consideradas preponderantes na atual conjuntura?

Reforçar o SUS, diante das fragilidades que o sistema se encontra, é considerado uma das medidas preponderantes. O baixo investimento do governo federal, como também os recursos fiscais de Estados e municípios não estão sendo suficientes para manter os orçamentos próprios na saúde. Isso se torna um gargalo que afeta diretamente a população em seus direitos.  O SUS, na atualidade clama por uma mudança gerencial, pela descentralização, pela gestão efetiva modernizada que venha garantir a o seu real papel.

Qual a importância da Biomedicina no contexto da saúde pública e de que forma o biomédico pode atuar para melhorar as condições da saúde pública no Brasil?

A Biomedicina desempenha um papel de grande relevância a serviço da saúde e da Ciência. Com uma grade curricular bem elaborada, o profissional biomédico atua em pesquisas, as quais podem fornecer dados científicos desde o diagnóstico até a descoberta para a cura e prevenção de doenças que ainda devastam a população. Dentro dos laboratórios de saúde pública os biomédicos  têm como função primordial contribuir para o estudo e a solução de eventos adversos que comprometem a população, se tornando assim essencial aos programas de vigilância em saúde. A investigação epidemiológica dependente diretamente do trabalho destes profissionais. Nesse contexto urge aos profissionais da área, um maior engajamento no SUS, com propostas que visem ao fortalecimento, aparelhamento  e modernização dos laboratórios públicos. Buscar incentivos às pesquisas, às novas tecnologias e engajamento nas ações que possam trazem melhorias à saúde.

De que maneiras a população pode participar das formulações da saúde pública?

A participação da população é a garantia que a mesma tem de poder integrar-se ao processo de formulação das políticas de saúde e controle de sua execução, nas várias esferas do Governo. A formulação de políticas no SUS é compartilhada entre os gestores no âmbito das comissões intergestores e com outros atores sociais, por meio dos conselhos  de saúde. Essa participação ocorre por meio das Conferências de Saúde, dos Conselhos  de saúde e de gestores das Unidades. Esta é uma função de exercício da cidadania, de mérito social, através da qual o cidadão está contribuindo e defendendo uma saúde melhor para todos.

A senhora comentou sobre a deficiência das universidades incluírem na grade curricular a disciplina saúde pública. Sendo assim, como despertar nos futuros biomédicos a importância dessa área?

O profissional biomédico só será despertado para a saúde pública, como objeto de estudo e integração, quando houver a inserção de disciplinas contextualizantes na grade curricular das academias. O processo de conhecimento e envolvimento começa na base.

Um dos princípios da Saúde Pública é a "Integração entre saúde, meio ambiente e saneamento básico". O biomédico pode atuar nessas três áreas e como a senhora avalia essa contribuição dos profissionais?

A tríade "integração entre  saúde, meio ambiente e saneamento básico, são os pilares para a concepção de saúde pública. O biomédico como agente que pode promover e articular ações de diagnóstico e pesquisas torna-se um suporte para a garantia das intervenções necessárias ao cumprimento dos direitos do cidadão.

Quais mudanças ou prioridades seriam preponderantes para uma saúde pública de qualidade, na sua opinião?

Quais mudanças ou prioridades seriam preponderantes para uma saúde pública de qualidade. As mudanças começariam no modelo de governança, onde a participação no processo de elaboração das políticas públicas de saúde e a tomada de decisões ficam restritas a um pequeno grupo de atores. A Lei 8.080 do SUS é cristalina em suas diretrizes, mas na prática não é facultado os seus preceitos básicos. Pode ser observado que critérios técnicos-científicos são preteridos  em detrimento de novos modelos de gestão sem fundamentação e aprovação dos diversos entes envolvidos.

Uma maior presença do biomédico ajudaria neste avanço?

O profissional biomédico pode e deve se interagir nos processos de criação, manutenção e execução das ações de saúde pública, atuando como gestores, membros dos colegiados, pesquisadores, nos diagnósticos e também atuando nas  Conferências e Conselhos  de Saúde.

Em quais outros aspectos pode haver contribuição?

Vale ressaltar que a atuação do biomédico como sanitarista e epidemiologista tem se destacado dentro do serviço público. Nesse aspecto, para uma maior inserção do profissional, torna-se imperativo um maior envolvimento dos conselhos de classe e das academias, haja vista que se trabalha com a prevenção de doenças e fatores de risco. Enfim, melhorar a grade curricular e incentivar o conhecimento dos profissionais por meio de seminários, congressos e eventos diversos é um bom começo e pode gerar grandes êxitos tanto para os profissionais quanto para a população.

(Imprensa - CRBM-3)